31/12/15

Escola no Porto

O projeto de arquitetura
Recentemente tivemos a oportunidade extraordinária de desenhar e licenciar uma escola no Porto. No fundo tratava-se de planear o crescimento de uma creche e infantário e sua ampliação para albergar o 1º ciclo do ensino básico.
Do ponto de vista arquitetónico, trata-se de fundir duas casas unifamiliares e ampliar a construção com um novo corpo. Ou seja, fazer a reabilitação de uma parte das construções e contruir de raiz uma outra parte. Obviamente, era também fundamental dar uma coerência ao conjunto constituído por espaços distintos. Havia assim que redesenhar também o jardim e garantir que este estava presente em todos os espaços da escola. Ao mesmo tempo, havia que ter em conta um rigoroso controlo de custos de modo a garantir a sustentabilidade futura do investimento.


O desafio de desenhar para crianças
Este foi possivelmente um dos maiores desafios que tivemos enquanto arquitetos. Mas o maior desafio não vinha das questões técnicas, arquitetónicas, regulamentares ou económicas. O maior desafio vinha do facto de acharmos que tínhamos a obrigação de desenhar para crianças.
Quem educa ou ensina, quem tem filhos ou quem convive habitualmente com crianças sabe que este tema é fundamental e uma tarefa nunca acabada. Então pusemos a questão: como desenhar para crianças?


Desenhar como quem escreve para crianças
José Saramago a propósito de "A maior flor do mundo" lamentava-se de não conseguir escrever histórias infantis pois "as histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças sendo pequenas sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas".  Mia Couto a propósito do "Gato e o escuro" diz que não escreve para crianças mas antes "para a criança que há em cada um de nós". Sophia de Mello Breyner Andresen conta a propósito do seu trabalho para crianças que só começou a escrever histórias infantis porque os seus filhos "tiveram sarampo e tinham de estar quietos". E acrescenta que ficava "irritada com as histórias que lia" e passou a criar outras "a partir de factos e lugares" da sua infância. Sinceramente, esta escola acaba por ser desenhada com múltiplas abordagens mas com muitas destas perguntas e respostas na mente.


Uma arquitetura para crianças
Pensamos então nos desenhos das crianças e na simbologia do conceito de escola ou casa que elas partilham connosco sempre. Na realidade, por mais modernidade que surja, as crianças continuam a desenhar telhados e a pintar árvores e flores ao lado.
Era isso! Tínhamos de desenhar casas! Tínhamos de desenhar um bairro inteiro delas se fosse preciso! Além do mais a escola chama-se: Casa do Cuco!


Uma casa para aprender
No fundo a escola é apenas uma casa onde se aprende. Mas havia que desenhar essa casa como as crianças desenham, de modo simples, elegante e com o traço rigoroso e certeiro. Um traço que por vezes contem até algum minimalismo. Sim, era essa a modernidade que queríamos. E o jardim havia que entrar por todas as salas de aula! Que maravilhoso deveria ser poder aprender debaixo de uma sala de aula que nos lembra um desenho com telhado! E as janelas tinham de ter a altura das crianças e não como sempre acontece a altura gigantesca dos adultos! Esta tinha assim de ser a arquitetura das crianças.


O projeto segue o conceito naturalmente
Há momentos em que nós arquitetos percebemos que se o rumo estiver certo o desenho flui naturalmente. E foi isso que aconteceu, solidificado o conceito, a maquete, as plantas, os alçados, os materiais e as cores são apenas o reflexo dessa escola para crianças. No final, a escola surge-nos como se composta por momentos distintos que geram uma coerência de conjunto. No fundo é uma escola feita de modernidade e tradição tal como o paradigma daquilo que para nós deve ser uma escola.

Uma imagem ou mil palavras...
Mas o melhor é ver imagens, pois como escreve Saint-Exupéry no Principezinho: "As pessoas crescida têm sempre necessidade de explicações...Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações".






Reabilitação e ampliação de escola no Porto

Arquitetura moderna e tradicional

Arquitetura para crianças

Uma escola como uma casa

Uma escola integrada num jardim

Uma sala de aula com conforto

Aprender junto à natureza

Espaços simples e funcionais

O interior da escola com o conforto de uma casa

Uma sala de aula luminosa


22/09/15

Casa mínima conluída

A actividade avassaladora dos últimos dois anos tem-nos afastado um pouco da publicação de trabalhos. Contudo, julgamos importante inverter o processo e falar um pouco sobre alguns trabalhos que entretanto ficaram concluídos. Nesse particular, assume especial relevo a nossa casa mínima em Valongo.

A Casa Mínima
Por se tratar de uma casa reduzida e por ter umas áreas mínimas ela foi desde sempre extremamente acarinhada por nós. No fundo esta casa minimalista tem tudo o que as outras têm só que foi concebida com a máxima otimização dos espaços.
Os custos de construção reduzidos não foram uma necessidade. Na verdade acabaram por ser uma consequência dessa vontade de reduzir o impacto da construção. Isto porque o projeto é resultado de uma reabilitação de uma construção antiga seguida de uma ampliação. Os dois corpos unem-se por um volume de vidro com uma pala extremamente leve.
Ficam aqui as imagens e espero que tenham gostado dela tanto como nós!

Exterior da Casa Mínimalista de Valongo

















Entrada e ligação entre o antigo e novo

















Sala Interior


Jardim exterior da Casa Mínima